domingo, 5 de abril de 2015

Universo paralelo

É como um universo paralelo onde todas as lembranças, todas as hipóteses e todas as possibilidades andassem juntas. É como um ciclo, um persegue o outro. Eu começo a recordar certas coisas, certos ocasiões e proporcionalmente eu penso em outras hipóteses que eu poderia ter tomado. Quem eu seria se tivesse dito uma só palavra a mais, ou quem eu seria se eu tivesse movido um só dedo.
Nossas escolhas nos traem ou simplesmente nos ajudam a chegar onde estamos. Mas a questão é: Onde estamos é onde queríamos estar? 

domingo, 2 de novembro de 2014

    Tem desses dias que colocamos as fotos na mesa, a música para tocar e o sentimento que vem com o ar.
     As lembranças se acumulam em copos que estavam vazios, vazios de amor, e tudo isso vem em meio a constate perturbação mental que ocorro comigo. Lembranças frias e calculistas. Todas essas fotografias, fotografias em lugares bonitos e com pessoas boas, e todo aquele brilho que só as melhores fotografias tem. E com a porta aberta soa todos aqueles sons de vozes bonitas e violões bem afinados, como naqueles shows acústicos ao vivo bem equalizados. Proporcionalmente nada mais se esvai na mente, tudo se acumula e tudo se entristece, é como quando tudo que ocorreu na sua vida volta em uma constante de momento, em uma canalização depressiva e corrente. Toda essa canalização  de sentimentos parece que jamais se secará da minha vida, é como se eu precisasse disso, mesmo involuntariamente.
     É como quando tudo que eu preciso é dessa canalização para esvaziar a mente e proporcionar novos pensamentos, novos olhares e novos amores.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Numero 23

E os quadros brancos e pretos em paredes de cor branca, porém um branco bem sofisticado, e pinturas vermelhas, luminárias acesas e apagadas, janela entreaberta como nos filmes de terror, azulejos psicodélicos com tons de cinza, branco e preto, e portas de madeira como daquelas dos anos remotos e todas eles fechadas, cadeiras de balanço daquelas bem simples e barulhentas, sofá de cor marron escuro como daqueles que vendem em brechó com preços baixos, e um carro antigo motor 1.0 e barulhento como fogos de fim de ano, bandeira nacional inquieta, óculos como Woody Allen, cerveja que não vai gelar, e compras do mercado, noite quente, ardentía. Sketchbook, letras, amor e retratos.

domingo, 20 de abril de 2014

     Eu sempre fui de poucos amigos, poucos amores. Eu nunca fui o melhor da escola, eu nunca fui o melhor em nada. Eu nunca quis ser um jogador de futebol ou o melhor nos estudos, mas eu sempre estava lá, longe de todos os grupos, de todos os gostos. Não que eu não tenha me esforçado, eu sempre me esforcei, eu sempre me esforcei para ser o melhor, o melhor pra mim.
     Hoje eu não reclamo de quem sou ou de quem fui, hoje eu só vivo.
     Eu não me importo mais em ter poucos amigos e poucos amores. Eu não me importo mais com os estudos, eu não me importo mais com o trabalho, eu não me importo mais com as minhas roupas, eu não me importo mais com o certo, eu não me importo mais com as pessoas, eu não me importo mais em chorar, eu não me importo mais com o que eu vou ser, eu não me importo mais em estar só, eu não me importo mais com nada.
     Em meio a todo esse mundo, as coisas se tornaram desinteressaram para mim.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Nada

     As vezes parece que eu estou caminhando, caminhando para longe de algum lugar, algum lugar que eu mesmo não sei, e eu não me importo em procurar saber que lugar é esse, eu só me importo em caminhar, caminhar incessantemente. Minha respiração acelera, fico ofegante, ouço somente a rapidez da minha respiração, ouço somente a mim mesmo. E eu não vejo nada para frente, eu não vejo nada para trás, não vejo a estrada, não vejo nada. É como estar numa sala gigantesca sozinho, talvez pior, pelo menos há parades numa sala.
     E de repente minha respiração equilibra, porém eu contínuo só na imensidão do nada. Ouço meus passos, é como destruir vários formigueiros, é como se o chão estivesse falando.
     Eu sai de lugar nenhum e parei no nada.
     As vezes parece que eu estou voando, voando para longe. As vezes parece que eu estou caminhando, caminhando para longe.
     E eu não ouço mais a mim mesmo, não ouço mais minha respiração, não ouço mais meus passos.
     Eu devo ser todo esse nada em meio a todo esse lugar nenhum.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Lixos, velhos e lotados

     É sempre o mesmos horários, as mesmas pessoas, os mesmos gostos, os mesmos rostos.
     Em meio a todo esse fedor de lixo, carros velhos e ônibus lotados, as pessoas conseguem ser tão previsíveis, como se eu soubesse o destino de cada um, o futuro de cada um. É uma constante de lixos, carros velhos e ônibus lotados. E em meio a lixos, carros velhos e ônibus lotados, há um processo de desagregação vinda da minha parte, onde de todas as insônias que sinto tento tirar algo bom para mim, para minha sobrevivência, para me distanciar de todo esse lixo, carros velhos e ônibus lotados. Eu espero enfim, achar luzes fortes, cores intensas, e dias ensolarados em meio a todas essas pessoas lixos, velhas e lotadas..

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Ciclo

     Eu devo ter nascido com algo de errado, alguma deficiência, ou algo assim. Porém a principio ninguém notou nada, nem mesmo o próprio medico que me tirou da barriga da minha mãe. Hoje sofro as consequências de um médico desgraçado, ou simplesmente eu sou um desgraçado.
     Eu me chamo Fabiano Itaquê Gomes da Silva, nasci no dia dezoito de abril do ano de 1995 (pelo menos é o que a minha mãe diz). Não tem alguma teoria ou horóscopo relacionado ao dia em que nasci, eu só nasci. Eu nasci com excesso de massa corporal relacionado aos outros garotos da minha idade, ou simplesmente pode chamar de gordura em excesso. Um bebê gordo e branquelo nascera, um numero a mais à mais a taxa de natalidade do país.
     Geralmente eu defino a minha infância em três palavras: comida, bonecos e merda. Minha infância durou mais do que deveria, pelo fato de ser criado pela minha avó e ser filho único, consequentemente um mimado porém eu era consciente, tinha consciência do que eu era até então. Minha mente superprotegida e mimada deveria ter ido até uns 10 ou 11 anos, porém durou até uns 14, me tornando alvo fácil dos filhos da puta da escola. Gordo, branquelo e comilão.
     A unica coisa de que me lembro é de estar em é de estar em pé no centro, ao redor de dezenas de "crianças" da minha idade, em uma sala que mais parecia uma prisão. A unica coisa que eu podia entender vindo dos outros eram risadas, muitas risadas, todas voltadas a mim, e alguns sussurros também. Porém aquelas risadas não eram proporcionadas por alguma piada que eu fizera e sim de deboche, preconceituoso pelo que eu era. E enfim coloquei um fim nas lembranças. As lembranças da minha pré-adolescência foram apagadas permanentemente da minha consciência por mim mesmo. Nada relevante.
     Foi quando ao piscar os olhos eu me deparo no primeiro dia na primeira série do segundo grau. Eu continuava um branquelo azedo porém aquele "excesso de massa" (ou gordura) se fora e meu cabelo crescera até o pescoço, e meus queridos bonecos da infância desaparecera para sempre, para então, a chagada da era tecnológica, onde nascera uma nova geração de crianças retardadas. Mas por fim eu tivera uns bons amigos no segundo grau e até uma namorada. É, uma namorada.
     No segundo grau, mas especificamente na segunda série, eu tive uma namorada. A principio, todo totalmente novo para mim, até então. Um cabeludo e agora usando óculos de grau, nunca sentira algo diferente por uma pessoa diferente que não fosse para com a sua família. Eu vejo essa fase da minha vida como: desperdício e aprendizado. Paradoxo. Um desperdício por conhecer um menina que não dera valor a mim e um aprendizado por compreender mais o próximo e o quanto são filhos da puta.
Passei grande parte da minha vida sem saber o significado do amor, e até hoje eu não sei.
     Por fim cheguei a juventude. Amor, sexo, drogas e o rock. Sem mais... Algumas dessas merdas às vezes são legais.
     E de repente eu me vejo no ano de 2014 com alguns amigos e uns livros, em frente a um caderno qualquer, com uma geração lá fora de mentes fechadas e intelectos vazios, e o amor beirando a extinção. Eu continuo um filho da puta, mas tenho meu valor diante a vida. E de todas coisas ruins que já aconteceram comigo, eu não fui o que fraquejei, meu orgulho mora todo aí. E um dia eu vou fazer uma tatuagem. Um dia vou sair e pescar. Um dia vou beija-la. Um dia eu vou ser exatamente quem eu sou, sem precisar vestir este paletó.